Tolerância é uma palavra que se usa muito no dia a dia, em sociedades como a nossa em que o reconhecimento das diferenças é importante. Isto é, a aceitação de que as pessoas – não por serem como são, mas por não serem como nós somos-, não são necessariamente piores. Elas são apenas diferentes.
Claro que podem ser piores ou melhores, mas a diferença é um fato. A aceitação do pluralismo no campo da política, da religião, da paixão por clubes de futebol nos leva a exaltar a tolerância, que desde o século XVIII vem sendo vista como uma grande virtude social.
Tolerar é aceitar o diferente na condição em que ele está.
Eu não gosto tanto da expressão tolerância, porque dá impressão de que ela autoriza alguém a não ser como eu, quase como dizer: “eu tolero você, mesmo que você não seja como eu; tudo bem…você não é tão inteligente…” Essa tolerância é um pouco arrogante desse ponto de vista.
Eu gosto mais de outra expressão: acolhimento. Em vez de tolerar alguém, seria melhor que eu acolhesse, que significa receber de mim a ideia de que a outra pessoa não é como eu, mas isso não significa que ela é pior, que ela é exótica. Ela é apenas diferente.
Acolhimento é uma abertura da mente. E a mente inteligente está sempre aberta para trazer para dentro de nós a possibilidade de se interessar por aquilo que não é como nós somos ou como já sabemos. Eu prefiro acolhimento à tolerância.
Por Mario Sergio Cortella – do livro “Pensar bem nos faz bem! – filosofia, religião, ciência e educação”.