Acho que não sei como me perdoar…nem como começar. Não sei. Queria mesmo era poder me pegar no colo e me abraçar a ponto de não sentir essa correnteza de dias pesados e desenrolar esse nó que começa no peito e se dilata na garganta.
Queria encontrar essa força interior que tanto falam, mas parece que quando me forço a isso esqueço que também sou composta por cacos – e até hoje alguns deles me rasgam por inteira. Uns com suas pontas pequenas, mas afiadas, tocam em feridas que eu faço questão de esquecer…ou, na realidade, só aprendi a sufocar melhor.
Mas uma hora a gente cansa de respirar pela metade. Preciso me perdoar por ter acostumado o meu corpo à dor. Me perdoar é respeitar tudo o que eu vivi para chegar até aqui, e só eu posso fazer isso por mim.
A gente aprende a perdoar pai, irmão, amigo, mas nem sequer sabe como conduzir uma palavra de perdão e agradecimento a nós mesmos. Quando é com o outro tem sempre mais urgência, mais necessidade, e o quão urgente não é você se olhar hoje e também se desculpar?
E não é se perdoar por ter errado, é se perdoar por acreditar que sempre precisa acertar.
Culpar seus caminhos de anos atrás só te impede de trilhar os novos com afeto. E é isso que você se deve: amor e perdão…e é injusto não oferecer isso a única pessoa que fica com você 24 horas.
Não se esqueça: cair não te faz qualquer outra coisa senão humano.
Se perdoar é não negligenciar os seus limites: é saber que o perdão que você tanto oferece ao outro também pode ser dado a você.
Por Sofia Oliveira. Acompanhe os textos da autora em seu instagram >> @sofidisse .