Habita em nós uma necessidade de ter atenção dos outros.
Posso dizer que essa necessidade vai mais além e se torna em um desejo, ou seja, algo mais potente e que faz parte da natureza humana.
Precisamos entender isso como natural, pois deve existir um orgulho saudável em ser o que somos e fazer o que fazemos.
Esse desejo por atenção pode contribuir para nossa identidade, motivação e dedicação para qualquer coisa ou pessoa, e inspira a buscar uma melhor versão de si mesmo(a).
Quando você deseja atenção do outro, você espera compreensão e respeito por tudo o que se tornou e também, pela maneira como se comporta. Eu não estou falando em um passe livre para qualquer tipo de coisa esperando uma compreensão ingênua do outro, mas do fato de que todo mundo pode e vai ter um dia ruim…falar algo inapropriado ou fazer algo em que não é legal.
Entendendo isso, muitos podem ter empatia com você: se colocar no teu lugar e se esforçar para te entender.
(Viver em uma sociedade assim seria algo bastante agradável!).
Contudo, a empatia que muitas vezes é ofertada não é devolvida. Não estou falando de uma cobrança nem de algo que funcione como uma obrigação (que utiliza a ameaça como instrumento da ação); estou falando de um senso de dever que deveria ser colocado em prática espontaneamente.
Se eu sei que vou ter dias ruins, posso exercitar minha empatia quando vejo alguém que aparentemente não está bem – ou não só aparentemente, mas de fato não está bem.
Só que existe muita gente que recebe empatia dos outros, mas não consegue fazer o mesmo. É como se um “véu de hipocrisia” ou um “véu de complexo de perfeição” cobrisse os olhos e o coração do cidadão e o impedisse de ser compreensível…de ser empático.
Coloco hipocrisia porque o indivíduo já passou pela mesma situação, mas quando é o outro, nada faz. É como se não quisesse recordar que em outro momento também já passou pela mesma situação, e assim, ignora o fato presente e toda emoção ali existente.
Coloco também o complexo da perfeição porque existe uma certa dose de intolerância a qualquer erro (pequeno ou grande) do outro, e uma cobrança para que tudo esteja correto ou saia correto – caso contrário, críticas enfurecidas são vomitadas sem piedade.
Empatia seletiva é exigir compreensão…mas negar o amor do próprio coração.
Empatia seletiva é desejar perdão…e pouco se esforçar para entender e perdoar.
Empatia seletiva é esperar respeito pelo momento de dor…mas negar-se a ser gentil e acolhedor.
Empatia seletiva é a prova de que tem gente que quer muito, mas que oferece pouco ou nada.
Por Ricardo Verçoza – Professor e escritor.
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