“Enquanto escrevo esse texto, em uma quarta-feira, e um raio de sol ilumina a minha pele, penso que se, há seis meses, um passarinho me contasse que eu iria sorrir outra vez, sozinha, eu jamais acreditaria.
Se um passarinho me falasse baixinho que eu não precisava sentir culpa por não estar bem, eu daria as costas pra esse passarinho – assim como estava dando as costas para mim mesma.
Se um passarinho estampasse nas paredes da estrada que eu iria conseguir, eu iria despedaçar na frente desse passarinho – assim como todas as vezes que despedacei comigo.
Acho que, no fundo, eu fui o meu próprio passarinho, porque mesmo quando as coisas estavam confusas e incertas, tudo o que eu busquei fazer foi não desistir de mim.
E hoje, nesta quarta feira qualquer, enquanto escrevo esse texto, respiro o alívio que há meses eu achava ser inatingível. Um conforto que me parecia só ser possível rodeada. Amo partilhar a vida ao lado dos meus, mas amo também o conforto da minha própria companhia.
Quando agora, consigo me abraçar e sorrir, percebo que diante a tantos dias vagos e caóticos, estar comigo não é o que me resta, é o que me transborda.
O meu passarinho é a minha intuição. É o sussurro que me mostra os motivos dos meus movimentos, e o que me diz: se pulsa por dentro, apenas continue. Não há porque duvidar das minhas escolhas, quando a melhor eu já fiz: me escolhi.
Por Sofia Oliveira.
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