Possivelmente é uma pergunta que deixa muita gente inquieta, visto que é um sentimento inevitável.
A condição humana é uma eterna mistura entre o doce e o amargo de palavras e ações, e isso não é novidade para ninguém (ou não vai ser).
A cada dia nos descobrimos e revelamos mais e mais de quem somos e do propósito que guia nossa jornada.
Em algum momento da sua vida você vai se inconformar com uma determinada pessoa ou situação. Quando acontece comigo eu busco não alimentar emoções ruins mentalizando a frase “está tudo bem”.
Essa frase não é uma tentativa de fugir de enfrentar algo/alguém que não está em sintonia com as minhas expectativas, mas é uma busca para estabelecer uma conexão sincera comigo mesmo para melhor entender que não é possível controlar algumas variáveis da vida. Diante do contexto que atualmente estamos vivendo, dizer a frase “está tudo bem” é um exercício constante de coragem e constância.
Mas devo confessar que esse exercício é intenso…exaustivo…em resumo, é foda. Em alguns momentos eu fico pensando se estou irritado com algo; noutras vezes eu penso na maneira lógica como, na minha cabeça, as pessoas deveriam agir e os fatos ocorrer – e é claro, sempre acontece algo diferente.
Ter vontade de gritar é normal?
Ter vontade de chorar é normal?
Não sei…não gosto de refletir muito pela perspectiva do “normal”, mas do necessário. Observando pela perspectiva do “normal” tendemos a desagradar o outro, obrigando-o a nos rotular de irracional ou louco; contudo, observando pela perspectiva do “necessário” tendemos a acolher essa frustração como uma parte da vida. Acumulo ou extravaso?
É desconfortável. Incomoda. Irrita. Entristece.
Mesmo se a vida tivesse um manual de instrução para servir de bússola e consolo, ainda assim eu não daria conta disso.
Eu já não busco o equilíbrio porque em algum momento me parece uma forma de esconder aquilo que verdadeiramente eu sinto.
Eu sigo buscando observar os pequenos milagres com mais atenção que estão ao meu redor, alimentando-me de palavras que fortaleçam a minha fé e a minha esperança.
Não sei se há receita para a frustração. Sei, apenas, que sinto que ela começa a me consumir quando cresce o sentimento de incapacidade de me aceitar como vulnerável.
Por Ricardo Verçoza – Professor e escritor.
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