Mais ofende quem se gaba do alto posto que exerce que de si próprio. Exibir grandeza é detestável; já basta ser invejado. Quanto mais se busca ser admirado, menos se consegue.
A admiração depende do respeito das demais pessoas e não pode, assim, ser adquirida, mas sim merecida e aguardada.
Os cargos elevados requerem daqueles que os exercem a autoridade correspondente, sem o que não podem ser exercidos com dignidade. É preciso ter todo o mérito, que é fonte da autoridade, para cumprir substancialmente com as obrigações.
A autoridade não deve ser gasta, mas sim conquistada.
Todos os que se pavoneiam no exercício do cargo dão indício de que não são merecedores e de não estarem à altura da incumbência.
Quem busca o mérito, que o faça pelo valor de seus dotes e não pelos efêmeros atributos externos. Até os reis são reverenciados mais pela soberania pessoal que pela extrínseca.
Por Baltasar Gracián, do livro “A arte da prudência”.