As situações do dia a dia,

E as preocupações por conta da pandemia,

Estão transformando mentes equilibradas,

Em campo fértil para a loucura,

Onde tudo se mistura,

Numa irracionalidade tamanha,

Que às vezes fica difícil se reconhecer.

Com o pouco de bom-senso que nos resta,

E buscando claramente nos fortalecer,

Seguimos uma rotina cansativa,

Que dia após dia vem exigindo do corpo,

E principalmente do intelecto,

Um cuidado especial com os próprios sentimentos.

Seja as pequenas situações do lar,

Aparentemente de caráter singular,

Ou os grandes fatos da sociedade,

Que transformam a coletividade,

Não importa muito a magnitude:

Tudo contribui para diminuir a empatia, o respeito e a compreensão…

Ao mesmo tempo em que aumenta e potencializa a raiva,

E toda a sua obsessão.

Uma raiva que às vezes brota silenciosa,

Como se desejasse ser cultivada,

Com doses fartas de atenção…

Noutras vezes ela chega rápido,

Como se quisesse atacar direto no coração,

Impulsiva com suas palavras,

Trazendo ironia e desrespeito.

Eu não sei você…

Mas eu sinto que o autocontrole esgota minhas energias,

Roubando o bom-humor necessário,

Para encarar com mais leveza,

Uma rotina de desafios e problemas.

Por vezes eu quero gritar,

Para tentar aliviar a tensão,

Causada pela estupidez e impaciência alheia…

Mas sempre nessa hora me vem a lucidez da razão,

Lembrar-me que tal ação,

Talvez não seja bem vista,

E que é melhor guardar essa raiva,

Até que ela possa sumir,

Ou ser bem-quista.

Sinto que estou sendo sufocado,

Por um sentimento preso em minha alma,

Que me limita e impede a autoexpressão…

Não sigo buscando equilíbrio,

Por que nos dias de hoje é utopia…

Mas continuo dia após dia,

Alimentando a esperança,

E mesmo com toda insegurança

Vou respirar e fazer o meu melhor.

Por Ricardo Verçoza – Professor e escritor.