Quando a semana está começando, tendemos a encara-la de maneira otimista ou pessimista. Alguns dizem “eu sou realista. Nem otimista nem pessimista” – querendo indicar que o realista precisa justificar alguns dos pessimismos que carrega. O pastor norte-americano William Arthur Ward, que morreu em 1994, foi um grande construtor de máximas. Uma das que eu mais aprecio é: “Para o otimista, todas as portas têm maçanetas e dobradiças. Para o pessimista, todas as portas têm trincos e fechaduras”.
Parece autoajuda, no mal sentido da expressão, mas é uma frase que nos ajuda a pensar na grande diferença entre alguém que, ao olhar as coisas, procura o que pode ser feito. Isto é, numa porta vai buscar a maçaneta e a dobradiça, enquanto aquele outro enxerga, não só num primeiro momento, mas o tempo todo, apenas os trincos e as fechaduras. O pessimista, de maneira geral, procura indicar só os obstáculos, sem admitir a capacidade de ultrapassá-los. E ao ver numa porta os trincos e as fechaduras, não presta atenção nas maçanetas e nas dobradiças.
Claro que o otimista não pode ser alguém que não enxerga os trincos e as fechaduras, mas ele não fica aprisionado, fixado pelos trincos e fechaduras: busca abri-los. Isso pode até parecer, digo de novo, algo ligado à má ideia de autoajuda, mas é muito bom pensar que o otimista é aquele que enfrenta, em vez de lamentar.
Por Mario Sergio Cortella, do livro “Pensar bem nos faz bem – filosofia, religião, ciência e educação”.