O mundo das palavras: Fake News e comportamento social no livro “Tapacurá – viagem ao planeta dos boatos”

“Esta é a verdadeira história de uma enchente que foi, sem nunca ter sido, e de suas consequências” (Trecho do livro).

Aparentemente contraditório, não? Mas na verdade não é. A história narrada neste livro já trazia um conceito muito abordado e debatido nos dias de hoje, que é a percepção de Fake News. Bem… Fake News, ou notícia falsa, é uma percepção da informação errada, seja de maneira ingênua ou de maneira deliberada, e de como seus efeitos têm contribuído negativamente para diversos aspectos da vida cotidiana.

O relato do livro “Tapacurá – viagem ao planeta dos boatos”, escrito por Romero Fonseca, se mistura no tempo ao retratar uma “mesma” situação em períodos bastante diferentes do ponto de vista da influência da tecnologia: 1975 e 2011. No primeiro período o meio de comunicação dominante era o rádio, não tendo, portanto, outra forma para compartilhar informações; já no segundo caso, ocorrido em 2011, havia plena amplitude dos meios de comunicação, como televisão e, principalmente, a internet.

O boato, que se espalhou como fogo pela cidade, tanto nas partes altas como baixas, levou nossos cidadãos a fugir da cidade. Antes que o rumor pudesse ser detido, a maior parte da cidade pusera-se em movimento. Pessoas vestidas apenas com roupas de dormir abandonaram seus lares; algumas, em seus carros, carregavam seus pertences numa valise” (Trecho do livro).

E que situação foi essa que se repetiu em épocas tão diferentes? O rompimento da barragem de Tapacurá. Quer dizer… o boato de que a barragem supostamente rompeu. É claro que o contexto influenciou bastante: as grandes chuvas ocorridas no período, e consequentemente os grandes alagamentos, reforçaram a ideia de que a barragem construída para diminuir os riscos de enchente tinha rompido. Então, querido leitor e leitora, pense na agonia e o desespero das pessoas imaginando o “rolo d’água” chegando! Parecia esses filmes de hollywood que mostram algum cenário apocalíptico no qual as pessoas ficam nervosas com medo de morrer.

“Para a maioria da população, a notícia espalhada na cidade sobre o arrombamento da barragem de tapacurá foi obra de terroristas interessados em provocar o caos social e lançar a população contra as autoridades” (Trecho do livro).

Em 2011 o boato novamente se repete, agora contando com a força das redes sociais. A demora do governo em desmentir o boato de uma grande cheia (e em certa medida, do rompimento de tapacurá), causou uma enorme repercussão no twitter, e também gerou um nervosismo em instituições públicas e privadas, como shoppings, universidades e repartições públicos. A escrita de Homero é objetiva, carregada de depoimentos de pessoas que viveram os momentos (1975 e 2011), junto com as repercussões nos veículos de comunicação. Uma ótima reflexão sobre Fake News, comportamento social, o poder do boato e seus feitos.

Livro: “Tapacurá – uma viagem ao planeta dos boatos”.

Autor: Homero Fonseca.

Editora: Cepe.

Página/Ano: 248p./2011.

Paz e bem

Por Ricardo Verçoza – Professor e escritor.

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