Meu par de meias de algodão

Certo dia fui convidado para uma festa,

Daquelas que a gente precisa ir todo arrumado,

Ia ter comida, bebida e seresta,

Não poderia ter nada errado:

Separei camisa e calça,

E sapato social lustrado,

Junto com meu par de meias de algodão.

Me arrumei todo inspirado,

E com uma excelente companhia,

Aguardei a diversão,

Para sair da monotonia,

Num excesso de extroversão!

Na festa eu cheguei,

Com luzes, câmera e boa educação,

Sorrindo e cumprimentando,

E logo um bom drinque eu estava cogitando,

Para melhor entrar no ritmo da canção!

Entre conversas e petiscos,

A felicidade não tinha medo de infração,

Pois fragmentos do passado surgiam,

Com doses fartas de alegria,

Trazendo paz ao coração!

Confortável eu estava,

Com meu par de meias de algodão,

E naquele momento tudo me bastava:

No aqui e agora relaxar a mente,

Para viver o amor plenamente!

De bobeira com meu uísque,

Alguém conhecido repara nas minhas meias,

E com a autorização da intimidade,

Sem cerimônia e com total liberdade,

Afirma quão inadequado eu estou!

Perguntei o motivo pelo qual não gostou,

Se minhas meias eram tão comuns,

E não houve hesitação:

“É cafona e deselegante,

Usar meias de algodão com sapato social,

Tu pareces um meliante,

Coisa de gente irracional!”

Mas como pode um item coadjuvante,

Ter um peso tão relevante,

Se quase ninguém vê?

Bem… não sei te dizer,

Nem tenho argumentos que possa satisfazer…

A parte lógica que propõe essa condição,

Que nos impõe regras mínimas de vestimenta,

Tão necessárias a “boa” tradição,

Que a tudo regulamenta!

Bem…

Não tenho vocação para ser um fantoche,

Sendo moldado ao bel-prazer,

Nem quero ser interpretado como deboche,

Só porque estou no meu momento de lazer,

Buscando apenas divertimento,

Sem passar por nenhum tipo de arrependimento.

Não sei a razão de existir tanta dificuldade,

Para deixar o outro ser como é,

Agindo com sincera naturalidade,

Nas coisas mais simples da vida,

E assim evitar qualquer tempestade,

Por conta de afetuosas meias de algodão.

Que nas festas e nos momentos de felicidade,

Saibamos valorizar com reciprocidade,

Os detalhes característicos que formam a humanidade,

De cada um e cada qual,

Em seu esplendor sensacional,

E que possíveis descontentamentos,

Não contagie o bem-estar com seus lamentos,

De quem só deve prezar pelos bons sentimentos!

Paz e bem!

Por Ricardo Verçoza – Professor e escritor. @CapitaoCoragem

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