Como assim a vontade não é tudo?!
É sim…diriam alguns palestrantes motivacionais – por que é ela nos move e nos alimenta!
Um esportista poderia afirmar que a vontade é o elemento fundamental que o leva a vitória. Ele estaria errado?
A vontade é uma fração do que nós somos… é o desejo que nos persegue… ou, a insanidade que incentiva a violência.
Como pode a vontade nos provocar a tal ponto?
Bem… quando os pensamentos formam um furacão, agitando a mente, a vontade se aproxima quieta e avassaladora – porque ela se engrandece na inquietação e no interesse por algo (ou alguém).
Para um indivíduo cujo interesse é passar num concurso, dirá que estudar é a fonte do sucesso, e a vontade para isso deve ser bem direcionada e forte.
Um ciclista experiente sabe que para percorrer qualquer trajeto, especialmente os longos, preparo é essencial para não ficar no caminho… mas a vontade o faz chegar a objetivos (distâncias) maiores.
Você pode pensar que eu estou sendo contraditório, não?!
Como escrevo um texto cujo título é uma afirmação de que a vontade não é tudo, e agora estou dizendo outra coisa?
Realmente…a vontade é tudo isso que você leu até agora, e coisas que só você, e nenhuma outra pessoa, sabe, como a dor… a alegria…a traição… a excitação… a revolta… a paixão…
A vontade é uma fração do que nós somos…
Em algumas pessoas essa fração é grande, já em outras é pequena… mas a questão, independente do tamanho desta fração, é que a vontade também nos põe em movimento para saciar três sentimentos: prazer, ódio/vingança e alegria fútil.
Quando a vontade nos coloca em rota de colisão com o prazer, podemos ceder aos instintos do corpo e nos desviar do caminho que muitas vezes já é certo – tudo em nome da aventura. Não sou contra a aventura, já que precisamos, de tempos em tempos, sentir a adrenalina correndo pelas veias. Porém, quando esta mesma aventura tem como consequência a mágoa, o rancor ou a destruição de relacionamentos, é preciso pensar e medir até que ponto esta aventura vale a pena – e se assumiremos a responsabilidade pelos nossos atos.
Quando a vontade nos desperta o sentimento de ódio, ou nos provoca para a vingança, a etiqueta é esquecida, a educação é deixada de lado, e o respeito é substituído pela ação/sentimento de revanchismo: é necessário devolver a agressão ou ofensa recebida! Muitas vezes adoramos a ideia de resolver as coisas nós mesmos, seja porque acreditamos que podemos fazer isso (por que não?!), seja porque acreditamos que as instituições reguladoras da lei são falhas ou ausentes. O calor da emoção nos cega e nos leva a esquecer que somos seres racionais, não avaliando as consequências do que é falado ou feito.
Por fim, e não menos importante, está a vontade da alegria fútil. Todos nós, em algum momento da vida, iremos experimentar e se deleitar na vontade da alegria fútil. Passeando num shopping… vendo propaganda na televisão… comprando um presente para uma pessoa querida… ou simplesmente indo ao supermercado reabastecer a dispensa. Em resumo, surgirá em nós, como um convite de sedução suave, a vontade da alegria fútil que nos leva ao consumismo das datas comemorativas, a comprar o necessário mesmo tendo o suficiente em casa, e a adquirir algo porque é moda na sociedade para diminuir a frustação e tristeza. As consequências da vontade da alegria fútil é nos embriagar em uma rotina cansativa, feita de felicidade casual sem significado algum.
A vontade é uma fração do que nós somos…
Só que esta fração não pode resumir quem nós somos, o que pensamos ou o que podemos ou não fazer. Mesmo se existir 1% de racionalidade em você, pense nessas vontades… mas não com um olhar de limitação, e sim com um olhar de aprendizado e real significado para você.
Serene o coração.
Acalme a alma.
E siga firme na direção.
Por Ricardo Verçoza – Professor.
@CapitaoCoragem