Ficar chateado com alguma coisa durante a vida é algo bastante normal e comum de acontecer. Seja o que deu certo, ou o que não deu certo… seja o premeditado ou a surpresa… ou ainda, a mais perfeita harmonia ou o desajuste total, alguma coisa não vai sair conforme o esperado. É natural ficar chateado.
Eu não posso ficar chateado quando perco um valor em dinheiro… quando deixo queimar comida …ou quando não estou no ônibus em sua partida?
Claro que posso ficar chateado, e isso não é o resumo da minha personalidade ou diz que sou um especialista em ser inconveniente… é simplesmente uma reação a algum fato. Diferentes situações mostram diferentes percepções sobre o que pode ou não incomodar, e o que para Zezinho da padaria pode ser algo normal, para mim não o é.
Eu não posso ficar chateado quando a sinalização de trânsito indica “parar” e mesmo assim quase sou atropelado por um caminhão…? Não posso ficar chateado quando um motociclista transita pela ciclovia… ou quando vou almoçar e a atendente é grossa comigo?
Claro que posso ficar chateado. Eu tenho uma compreensão de que algumas coisas eu não faço porque entendo perfeitamente que é errado, e quando vejo outro indivíduo deixando de lado até o básico em termos de comportamento, claro que vou ficar chateado.
Eu não posso ficar chateado com pessoas que disfarçadamente furam a fila do banco… ou quando pessoas próximas mentem… ou ainda, quando promessas não são cumpridas?
Mais é claro que vou ficar chateado. O ato de estar chateado é uma discordância… é um pensar contrário a uma determinada lógica, e só. Não sou obrigado a concordar com tudo, e posso, sim, ficar chateado. Mas isso não é um estado permanente, e não pode ser. A partir do momento que a chateação é uma constante, naturaliza-se os fatos, os problemas e as pessoas.
O ato de estar chateado é uma interpretação da realidade que me permite construir a maneira com vivo no mundo, como questiono e modifico a minha maneira de relacionar.
Eu não quero ser estático, nem deixar de aprender.
Às vezes fico chateado… mas isso muda.
Por Ricardo Verçoza