A realidade que temos e vivemos é fruto de construções que fazemos ao longo de nossa existência. Investir em sonhos, ficar tristes com fracassos, enfrentar desafios, ou lamentar derrotas: tornamos real aquilo no qual a atenção é dedicada. O modo como aplicamos essa atenção determina o que vemos, a maneira como interagimos e estabelecemos nossas relações. O grande mestre Yoda ilustra muito bem a relação que nossa atenção tem como a realidade que vivenciamos (ou pretendemos vivenciar) afirmando “O seu foco é a realidade.
Qual é o seu foco hoje? E qual é a realidade que você vive a partir de seu foco?
Bem… não adianta lamentar a sua ‘sorte’ pelo fato de você não desenvolver sua atenção. E podemos desenvolver nossa atenção? Mais claro! Como um músculo que só se desenvolve quando o exercitamos, nossa atenção precisa ser exercitada devido aos estímulos que nós temos atualmente. Os avanços tecnológicos estão direcionando cada vez mais nossa atenção para aparelhos, e não para pessoas, sem contar a enorme quantidade de informação que mais atrapalha do que ajuda. Desta forma, precisamos entender como flui o sistema da atenção em nossa mente:
O sistema ascendente (a mente de baixo para cima):
- Mais veloz em tempo cerebral, que opera em milissegundos;
- Involuntário e automático – está sempre ligado;
- Intuitiva, operando através de redes de associações;
- Impulsiva, movida pelas emoções;
- Executora de nossas rotinas habituais e guia de nossas ações;
- Gestora de nossos modelos mentais do mundo.
O sistema descendente (a mente de cima para baixo):
- Mais lenta;
- Voluntária;
- Esforçada;
- A sede do autocontrole, que pode (às vezes) suplantar rotinas automáticas e anular impulsos com motivações emocionais;
- Capaz de aprender novos modelos, fazer novos planos e assumir o controle do nosso repertório automático.
Com o sistema Ascendente a mente é multitarefa, acompanha uma profusão de informações em paralelo, incluindo detalhes do que nos cerca e que ainda não entraram completamente em foco. Este sistema é essencial por que nos deixa abertos ao mundo, mas também pode ser prejudicial quando não percebemos o impacto negativo de agir por instinto, emoção e com excesso de informação.
Por sua vez, no sistema Descendente a mente é fortalecida pela autoconsciência, reflexão, deliberações e planejamento. Este sistema trabalha o foco intencional, oferecendo à mente uma alavanca para administrar o cérebro. Contudo, se mantivermos direcionados apenas no sistema Descendente, excluímos a realização de atividades com base na intuição – já que as redes de associação serão limitadas-, deixaremos de lado o fator emocional nas decisões e perderemos tempo de ação – pelo fato da mente agir mais lentamente no sistema descendente.
Não precisamos de uma solução tecnológica para desenvolvermos nossa atenção, mas de uma cognitiva, ou seja, precisamos de uma solução que exercite nossa percepção, estabeleça associações entre a importância dos sistemas Ascendentes e Descendentes, favorecendo nossa linguagem, imaginação e nossos pensamentos para fortalecer a atenção. E que solução será essa? Aprendizado….?
Se tornamos real aquilo que dedicamos atenção, em que vamos focar?!
“O seu foco é a sua realidade”
Texto inspirado no livro “Foco – a atenção e seu papel fundamental para o sucesso, de Daniel Goleman”.
Por Ricardo Verçoza – Professo, Administrador e futuro Jornalista.