Eleições no Brasil e a tal festa da democracia

Tornou-se corriqueiro, agora, tanto entre o povo quanto entre veículos de comunicação, afirmar que as eleições são uma “festa da democracia”, ocorrendo uma glamorização de um momento ímpar do sistema democrático brasileiro. É interessante que possamos refletir sobre o significado real dessa expressão que cada vez mais se torna comum dentro da realidade de um país que não tem muita experiência neste sistema “democrático”.

Parece que se tornou comum atribuir a característica de “festa” a toda e qualquer situação da vida cotidiana, e muitos brasileiros são experts neste quesito. Segundo o dicionário Aurélio, festa significa “uma reunião alegre para fim de diversão” ou “uma comemoração”. Para votar nós nos encontramos com outras pessoas, e até esperamos numa fila, com o intuito de cumprir com o nosso deve de cidadão. Mas será que este encontro tem por finalidade a diversão? Será que vamos comemorar antes mesmo de saber o resultado? Talvez você possa entender minha linha de raciocínio contendo muito drama, já que sofremos bastante para possuir o direito ao voto e de fato temos que comemorar e nos divertir. Lógico que temos o direito de comemorar e nos divertir, e também temos o direito e o deve de ser conscientes com as escolhas que vão interferir no futuro de muita gente – seja para melhor ou para pior.

A maioria esmagadora e esmagada dos brasileiros participa da festa para não ter o seu nome sujo nem perder a oportunidade de arranjar emprego quando a crise passar, se passar. É o seu caso?!

Ao que parece, as palavras “festa” e “democracia” na mesma frase, e no contexto brasileiro, tem um sentido de palhaçada, de ironia perante uma responsabilidade de cidadão…de compra de favores por coisas pequenas. Além disso, o modelo de eleição que temos não é construtivo, mas sim destrutivo: cavaletes e mais cavaletes no meio das ruas, falta de compromisso dos candidatos e personificações bizarras, santinhos espalhados pelo chão, e o tão questionado voto obrigatório. Esses são alguns dos vários elementos que faz com que a democracia brasileira, que ainda é tão nova, torna-se alvo de piadas de mau gosto e seja desacreditada ainda mais pelas pessoas.

Devemos deixar a compreensão errada da palavra política quando associada apenas à partidos. Partidos, como afirma Mario Sergio Cortella, é um dos jeitos de fazer política. Cortella faz a distinção entre idiota e político. Idiota é o ser que se recusa a participar da vida em comunidade, que cuida do próprio umbigo e que acredita que na vida a regra é “cada um por si e Deus por todos”. Já o ser político participa da vida em comunidade, cuida de si e dos outros e sua regra é “um por todos e todos por um”. Então…qual escolha você faz? Quer manter o espírito do “Gigante”…ou vai voltar a cuidar apenas dos próprios interesses?! Podes até transformar a eleição numa festa, mas não esqueça de se responsabilizar por suas escolhas.

“Se você não decide, alguém decide por você”.

Por Ricardo Verçoza – Professor, Administrador e futuro Jornalista.

2 pensamentos sobre “Eleições no Brasil e a tal festa da democracia

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