Qual o valor que você dá para as opiniões dos outros? E se você tiver um negócio, com que frequência você está dando valor ao que teus clientes pensam e falam? É interessante refletir sobre essas perguntas (entre tantas outras que podem aparecer), especialmente quando o foco é o desenvolvimento de boas ações de marketing.
Posso responder a pergunta-título assim: “um tudo e um nada”. Essa minha resposta talvez possa parecer um pouco confusa, mas não é porque eu quero. Essa confusão se deve ao caráter enviesado com que estão surgindo as pesquisas de opinião, gerando debates superficiais com informações tendenciosas. Para compreendermos melhor essa minha abordagem, vamos a duas conceituações objetivas:
- “A pesquisa de opinião é feita por amostragem. Esse é um método baseado em estatística para que não seja preciso entrevistar todos os habitantes de um estado, por exemplo. Dessa forma, só um grupo representativo faz parte da pesquisa de opinião”.
- “Os métodos para realizar a pesquisa de opinião podem ser a qualitativa. Esse tipo de pesquisa de opinião utiliza metodologias diferentes parar fornecer dados sobre os o perfil, interesse do público”.
Perceba que destaquei em cada definição um pequeno trecho, e faço isso para melhor compreensão. Uma pesquisa de opinião é realizada sobre um grupo representativo… talvez um segmento de mercado. Até tudo bem. O problema, ou a questão-chave, é quando a maneira de realizar a pesquisa levanta suspeitas, como o recente resultado divulgado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do governo Federal. Para frase “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”, 65% dos brasileiros concordaram inteiramente ou parcialmente, percentual posteriormente desmentido para 26%. Depois de grande repercussão, que acarretou em várias personalidades conhecidas indo às mídias sociais dizendo-se contrárias ao estupro, a alegação (justificativa) do IPEA foi a troca dos gráficos. Bem, com um assunto tão sério assim esperava-se mais cuidado, mas erros podem acontecer.
O caso ocorrido com o IPEA talvez não tenha nada haver com sua realidade, mas levanta a questão sobre a veracidade da informação, e como essa mesma informação vai ser a base para ações de curto, médio e longo prazo na empresa. É aqui que abordo o segundo trecho destacado. A partir das pesquisas têm-se a ideia do perfil do público-alvo, bem como de suas preferências. E ai fica fácil construir uma ação de marketing de sucesso, certo?! Não… e a ação pode ser uma furada, como o caso do Mercedes classe A, que fez um comercial com a música Aaaaaah Lek Lek Lek! O Perfil do público na minha percepção é um, e o da música é outro, e alguns comentários no youtube podem comprovar essa impressão. Qual o referencial da empresa para fazer o comercial?
Hoje estou olhando as fontes oficiais com mais desconfiança, até para não trabalhar com informações questionáveis ou até falsas. Se você depende das informações que circulam na rede, muito cuidado. Se você encomenda pesquisas de opinião, ou ainda se baseia nelas para algum tipo de trabalho, faça seu planejamento com cuidado. Uma exposição negativa da empresa (ou sua) é tudo o que você NÃO precisa.
Por Ricardo Verçoza – Professor, Administrador, blogueiro e futuro Jornalista.