Por uma educação sem autonomia? Quando a universidade papagaio prevalece

As universidades de hoje são capazes de construir respostas educativas adaptadas às diferentes expectativas, necessidades, e características pessoais dos nossos jovens?

Esse questionamento não é desprovido de sentido, visto a efervescência de mudanças pelas quais passamos constantemente. A 3D Character (106)universidade num cenário de mudanças tem um papel cada vez mais evidente para a formação e desenvolvimento de pessoas voltadas para a inovação e para a análise crítica dos fatos. No entanto, é notável que várias instituições ainda mantêm como princípio básico a mera repetição das informações, por isso a denominação “universidade papagaio”.

A repetição em si não um problema, mas a repetição sem diálogo, sem desconstrução e construção, e sem análise crítica… que exige dos alunos postura de ouvintes em sala de aula. O ensino repetitivo é, geralmente, verbalístico, livresco e desvinculado da realidade concreta em que estamos. O professor fala e o aluno escuta, muitas vezes desmotivado. Até parece que alunos são robôs!!!… que não tem capacidade nem vontade! Estudar nessa lógica é simplesmente ler a matéria, decorar o conteúdo cuspido pelo professor, e todo o processo de crescimento intelectual é medido através de uma nota ou conceito. Quando a prioridade de estar na universidade é apenas para alcançar boas notas/conceitos e assim ser considerado o nerd ou o laureado, o indivíduo se esquece de desenvolver a própria autonomia. Autonomia que ninguém poderá amadurecer por ele (a), já que é através dela que será moldada a forma de ver o mundo, e consequentemente, agir nele.

Todo estudante tem um potencial enorme para gerar conhecimento no dia a dia e diante de situações-problemas, mas isso não vai acontecer se a universidade não oportunizar a emoção da descoberta, a liberdade de pensamento e de ação, a postura crítica, ou ainda a capacidade de aprender com o erro. Muitos jovens na universidade tem um sentimento de frustração ao se deparar com um ambiente em que são percebidos como criança que necessitam de proteção contra as verdades do mundo. Imagine você, chegando a um lugar onde deveria promover um debate consciente sobre uma determinada área do conhecimento, encontrar tédio, limites pré-fixados por um professor arrogante, falta de diálogo nas questões mais básicas. É como fazer um bolo… onde a receita já está pronta e o formato do bolo já é sabido. Quer dizer que nossa universidade está difundindo a falta de autonomia para manter um modelo de educação orientado para as necessidades da Era industrial? Quer dizer estamos “catequizando” jovens para pensar como sempre foi pensado, fazer como sempre foi feito e impor um ideal de cidadão padronizado que não sabe qual a realidade que vive?

Fernando Dolabela, em seu livro “Oficina do empreendedor”, diz o seguinte: A capacidade de identificar oportunidades é fruto do olhar. É, portanto, atributo do indivíduo que “aprendeu” a ver o que outros não distinguem, e disso depende o seu sucesso. Essa lógica de Dolabela é o que permite ao estudante assumir a responsabilidade de seu desenvolvimento e não ficar em buscar da “resposta certa”. A resposta certa não deve mais existir, caso contrário, nossa universidade vai ser motivo de agonia e de limites, de bloqueio e ingenuidades, de rigidez e falta de criatividade.

Reflexão:  

O ser humano é aprendente e, dessa forma, tem uma plasticidade que o ajuda a tomar posse de si mesmo e ser o que necessidade ser, para viver e ocupar o seu lugar no mundo da melhor forma possível. (Cipriano C. Luckesi)

Por Ricardo Verçoza – Professor, Administrador e Blogueiro.

@CapitaoCoragem

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