Sabe aquele momento que você pára e reflete sobre o que faz? Pois bem…Venho refletindo sobre meu trabalho como professor e como poderia entender melhor seu significado e proporções. Em minhas leituras deparei-me com um texto da revista Você S/A, cujo título era “O nirvana produtivo acontece com quem trabalha com prazer” (minha inspiração para escrever). O início da leitura retrata um pouco da história de Ana Luiza Trajano, filha de Luiza Helena Trajano – mulher forte do Magazine Luiza e a dama do varejo brasileiro. Ana Luiza seguiu um caminho diferente do da sua mãe e foi ser chefe e dona de restaurante (Restaurante Brasil a gosto, de São Paulo) e resume seus sentimentos pelas suas atividades: “Enquanto estou criando na cozinha não preciso procurar motivações”. Esse e outros casos relatados na Você S/A mostra que quem trabalha com o que gosta é capaz de se empenhar em cada tarefa realizada sem que isso implique um dispêndio grande de energia. O desejo de equilibrar vida pessoal e profissional está levando as pessoas a pensar com um carinho especial sobre assuntos como qualidade de vida, lazer com a família e sentimento de pertencimento no trabalho. Desta forma temos a ideia do nirvana.
Nirvana, termo que é mais associado ao budismo, é uma palavra que significa “extinguir” em sânscrito (idioma na Índia). Neste caso, significa extinguir a ignorância, ódio e sofrimento material. Estabelecendo uma associação com o mundo profissional, o estado de nirvana poderia ser o encontro daquilo que desejas realmente fazer com o que tens de capacidades técnicas e comportamentais. O conhecimento iria fluir, fazendo-te sair da zona de conforto e uma condição de ignorância e a inquietação e o sofrimento diário daria lugar a tranquilidade de praticar algo que seja revigorante.
Mas como acontece?
Quais os ingredientes para se sentir bem naquilo que se faz?
Existe uma receita especial para manter o bom-humor nas atividades?
Muitos diriam que as respostas para estas e outras tantas perguntas que envolvem como o indivíduo se vê na própria realização do trabalho é um segredo bem guardado, mas eu não creio nesta perspectiva. O ar meio filosófico do título deste texto é preciso para abordar como essa mesma realização preenche de significado o nosso cotidiano, tornando o que seria enfadonho numa constante fonte de renovação e prazer. Acredito que todos desejam encontrar uma combinação certa entre habilidade e desafio, proporcionando uma boa dose de satisfação e elevando a criatividade do que é feito. No entanto, não precisamos, na minha humilde opinião, nos dedicarmos necessariamente as artes para o nosso potencial desabrochar, mas, antes de tudo, enxergar a identificação e o impacto do resultado gerado – itens essenciais para despertar a ideia de significado.
Chegar à empresa pensando na hora do almoço, na hora de largar, ou ainda nas tarefas enfadonhas que irá realizar são indícios comuns que atrapalham o convívio profissional. Para tanto, é fundamental revermos a visão que temos do nosso ofício, pois a identificação surge quando você cria uma conexão com o trabalho e um sentimento de felicidade envolve suas atividades como num ciclo: você trabalha bem, fica feliz e a felicidade estimula a fazer mais. Essa identificação também acontece quando você percebe que ser sério e engraçado se misturam e que trabalho pode igualmente ser entendido como diversão – respeitando sua dosagem, obviamente.
A identificação está amplamente ligada aos Resultados que geramos. Não é só fazer pelo dinheiro… não é só porque é uma estratégia da empresa… não é só porque é uma obrigação! Antes de tudo, é pelo impacto que eu consigo mensurar, pelas pessoas que influencio e pelas mudanças que provoco. Apesar de algumas empresas tratarem seus funcionários como se fossem máquinas, a era do trabalho mecânico, sem opinião e expressão acabou, e há uma notável a preocupação com a criação de valor…. Valor que depende de sua perspectiva de ver as coisas e interagir com mundo.
Trabalhar com prazer e significado pode parecer utopia para alguns indivíduos – como uma história muito distante que escutávamos quando criança-, mas certamente será para tantos outros um elemento inestimável de realização e amadurecimento como ser humano e como profissional.
Pense nisso!
Por Ricardo Verçoza – Professor, Administrador e blogueiro