Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. […] Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma garfe.[…] Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temos-nos temido um ao outro, acima de tudo.
Trecho do livro “Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres – de Clarice Lispector