Emprego. Crescimento uniforme. Interior e capital. Norte e sul. Estas palavras cada vez mais fazem parte das notícias da mídia em relação ao bom momento vivenciado pela economia do Estado de Pernambuco. Nossa história atual está sendo carregada de grande simbolismo por conta dos investimentos realizados – e por consequência, das indústrias que chegam -, e dos eventos que estão orientando o comportamento das pessoas – a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas em 2016. Não deixa de ser fantástico a perspectiva de um futuro com mais oportunidade para o povo, com evolução da realidade social e com avanços nas mais diversas áreas do conhecimento. No entanto, temos que refletir sobre os reflexos de tanta “modernidade” na vida das pessoas e também nos impactos sobre o meio ambiente – afinal, só temos um planeta (de condições únicas!).
Está crescente a preocupação com a temática da Responsabilidade Socioambiental e seus efeitos para todos. Desde as relações empresa-funcionário – com práticas trabalhistas saudáveis para ambos os lados e que não voltem no tempo (retrocesso) -, até os impactos das atividades das empresas no âmbito onde ela se encontra, temos que possuir a capacidade crítica de realizar avaliações sobre nosso rumo neste planeta chamado ironicamente de “terra”. É lógico que os governos, nas suas respectivas esferas de atuação, devem coordenar esforços maiores para promover o equilíbrio entre desenvolvimento e crescimento, bem como devem traçar estratégias de conscientização da população. Certo… até tudo bem. Mas como podemos definir o papel do cidadão? Como podemos agir para, individualmente, contribuir com o coletivo?
Nós podemos colocar pontos para análise, mais especificamente dimensões de sustentabilidade. Ignacy Sachs (Apud Barbieri e Cajazeira) propôs inicialmente 5 dimensões da sustentabilidade: a social, a econômica, a ecológica, a espacial e a cultural. Posteriormente foram incluídas outras dimensões, mas focaremos nas citadas acima para efeito de apreciação. Para cada uma delas temos o poder de interferir – umas interferimos mais, outras menos -, mas de qualquer forma nosso cotidiano é permeado por estas dimensões.
A dimensão social trata da redução das distâncias entre os padrões de vida das pessoas. É o que podemos observar quando professores fazem greve e lutam por melhorias, visto que outras classes ganham bem mais e não trabalham quase nada (exemplo: vereadores e deputados). Já a dimensão econômica trata da gestão eficiente (utilização inteligente) dos recursos produtivos. Não podemos nos deixar levar pela onda de consumismo que mais e mais invade as nossas casas e nos faz adquirir o supérfluo. A ecológica reflete sobre como o processo de desenvolvimento está ocorrendo para evitar danos ao meio ambiente; logo, o conceito dos 3Rs (Reduzir, reciclar e reutilizar) deve ser presente para vivermos em harmonia. A dimensão espacial refere-se a uma configuração rural-urbana equilibrada. O crescimento do Estado revela a vontade empreendedora do povo (seja por necessidade ou por oportunidade), mas não podemos concretizar esta vontade tumultuando os espaços das cidades ou prejudicando violentamente o ambiente rural. A última dimensão é a cultural e refere-se ao respeito à pluralidade de cada cultura e de cada local. O Estado é extremamente rico em suas expressões culturais e o respeito se faz necessário para criarmos uma identidade (seja nacional, estadual ou local) e uma proposta de vida condizente com a nossa realidade.
A ponderação sobre estas dimensões pode orientar atitudes do dia-a-dia no sentido de melhorar nossa relação com nossos pares e com meio ambiente. Portanto, o referencial individual é fundamental para construirmos o presente e garantirmos às gerações futuras a oportunidade de apreciar as belezas que hoje nós temos o prazer de ver e desfrutar. Você já pensou qual a contribuição que está dando para isto?!
Por Ricardo Verçoza – Professor, Administrador e Blogueiro.
@CapitaoCoragem
(Referência: BARBIERI, José Carlos e CAJAZEIRA, Jorge Emanuel Reis – Responsabilidade social e empresarial e empresa sustentável – Da teoria a prática. São Paulo. Saraiva, 2009)